# 1 - A primeira news, o rosto da Elena Ferrante e pdfs no Doogle Drive
Colagem minha
É 15 de janeiro. São Paulo.
Oi, tudo bem?
Que massa você estar aqui!
E então, me empresta teus olhos por um instante?
Esta é uma newsletter e segue uma breve apresentação.
Há tempos eu tinha vontade de montar uma cartinha breve, uma newsletter e este dia chegou.
Tem momento melhor para colocar algum projeto de pé do que no início do ano? Eu, particularmente, prefiro iniciar coisas em começos/inícios: segundas-feiras, começo de ano, dia 1, mês iniciando, hora cheia... vai entender?!
Você também é assim?
Bem, pensei nesta news com bastante carinho, influenciada por algumas outras news que passei a acompanhar em 2020 e, principalmente, como forma exercitar a escrita, colocar pra fora os pensamentos, as brisas, as neuras, as paranoias...
Gosto bastante deste formato, sei lá, me parece um conteúdo mais exclusivo, pessoal, menos exposto do que através dos “falsos espelhos” das redes sociais.
Ajustei esta cartinha, que se pretende despretensiosa e humildona, na ideia de compartilhar assuntos variados, tais como música, livros e literatura, cotidiano, impressões sobre a vida, devaneios, o gosto e o desgosto, o feminino, as relações, resenhas levemente – ou nada – teóricas, meus textos e trechos de outros textos, poesias, registros aleatórios da vida, o que ando lendo ou assistindo, links pelo ciberespaço, baleias ❤... toda e qualquer brisa que passar por este trapézio e que, quem sabe, possa te interessar também!?
A ideia é ter uma periodicidade né, porém, nem tudo são flores. Quem sabe umas 2x por mês? Estou pensando nos dias 15 e 30, tá bom? Tentarei, na medida do meu possível, entregar uma cartinha legal aí no teu e-mail, certo?
(só com esta introdução, já saquei algo sobre a minha escrita. tá dando certo!)
Ah, sou a Fernanda, a propósito.
Cursei Letras na faculdade, gosto de ter livros por perto, amo música alta e busco sempre as trilhas sonoras de filmes – cujos quais escolho pelo diretor –, adoro uma rotina, correr faz a minha cabeça num nível altíssimo, ouço uns sons pesados, outros nem tanto, guacamole é, talvez o melhor prato do mundo, vegetariana há 6 anos quase e tentando um veganismo possível, sou leão no zodíaco e alegre na vida, gosto de ficar bem de boas sentada no mato... uma boa definição sobre mim (rs) e dá pra ter uma ideia do que você lerá por aqui, entre outros assuntos, claro.
Ah, se achar legal, não deixe de compartilhar com aquelas pessoas que possam se interessar também, okay, anja/o?
ps: pode ser que a carta tenha ficado longa demais (hehehe) e deve cortar o final. clique em “exibir toda a mensagem” no seu e-mail;
mais um ps: só não coloca minha cartinha no spam, tá?
Bill Murray te agradecendo e eu também
ALGUMA REFLEXÃO SOBRE TUDO
Nem holofote, nem confete
Li A vida mentirosa dos adultos, da Elena Ferrante (Intrínseca, 2020, tradução de Marcello Lino), essa autora – ou esse autor? – de que gosto tanto e que sabe tão bem registrar as complexas relações humanas, sobretudo o "mundo feminino", nos convidando a participar destas histórias, com tamanha empatia, alteridade, de maneira tão envolvente. E sempre que leio algo dela, livros ou matérias, passa na cabeça inevitavelmente: queria tanto saber como é o rosto dela...pensamento que logo se esvai, tamanha a força do seu texto.
Para os que não conhecem esse rolê todo, Elena Ferrante é um pseudônimo, cuja identidade é conhecida apenas por seus editores italianos. Há rumores que Domenico Starnone, romancista também italiano e/ou sua esposa, a tradutora Anita Raja, estejam por trás da caneta da autora.
Ok, por mais que o mistério em torno da Ferrante reforce o fenômeno literário mundial que ela é (a tetralogia napolitana A amiga genial vendeu mais de 12 milhões de exemplares pelo mundo), não se trata de mero caso de estrelismo ou excentricidade, na minha humilde visão. Sua ausência, ou não saber como é o seu rosto – dito de tal forma parece não considerar todo o trabalho da autora – se torna presença concreta, através da tessitura de suas histórias (tecitura, de tecer, ou o texto como fios...), por meio do grande nó dos enredos, com seus fios emaranhados, suas personagens brilhantes, furiosas, sinceras, por meio do constante fluxo interno que emerge das histórias que nos conta. É como se a autora agisse como testemunha das personagens, ora advogando em seus nomes, ora como confidente, reiterando suas ações, endossando seus pensamentos e, desta forma, construindo sua própria identidade.
>> Fico me perguntando por que queremos sempre dar um rosto, um endereço, uma história para alguém que conhecemos pouco ou que prefere o anonimato? Nem todo mundo quer holofote & confete o tempo todo. Não dá, simplesmente, para aceitar o que querem nos mostrar? Aceitar o que está posto e fazer disso o suficiente, o que basta? Deixar as pessoas como elas querem ser para o mundo, da forma como elas querem se mostrar, é fundamental. <<
Bom, como a própria autora já mencionou em entrevistas mediadas e que se apresenta como uma das chaves para a leitura da sua obra, dentre tantas outras possíveis é que “um livro, uma vez escrito, deve se sustentar sozinho.
Acredito que a obra desta napolitana se sustenta sem a necessidade de uma revelação midiática em torno de sua criadora. O que realmente nos toma são suas histórias, muito mais que o seu mistério. E se sustenta por sua relevância e robustez, densidade e sensibilidade, portanto, ela se basta e se encerra em si.
(mesmo que ecoe em nós por tanto tempo, ficando tão difícil de abandonar ❤)
É inegável a "existência" da Elena Ferrante, assim como a tangibilidade de suas personagens e cada um de nós, leitores compreensivos, que aceitam tal e qual ela quer se apresentar, já temos um rosto, uma história, uma Elena Ferrante própria.
Deixo aqui este trecho inicial do último livro dela, como uma síntese do que a narradora, ou quem sabe a própria Ferrante, quer manter, quase como um acordo com quem lê, nos dizendo "é assim que quero me apresentar, é assim que eu sou":
“Eu, por outro lado, escapei para longe e continuo a escapar também agora, dentro destas linhas que querem me dar uma história, enquanto, na verdade, não sou nada, nada de meu, nada que tenha de fato começado ou se concretizado: só um emaranhado que ninguém, nem mesmo quem neste momento escreve, sabe se contém o fio certo de uma história ou se é apenas uma dor embaralhada, sem redenção.”
A vida mentirosa dos adultos
ALGUMA REFLEXÃO SOBRE TUDO (e outras)
Tenho tantos arquivos no Google Drive que nem sei mais, viu?! Você também é assim, um assunto interessante, "ir atrás de artigos em pdf já!", alguma indicação de livro, "ah, vou ver se tem o pdf pra ir lendo" Eu sou a louca dos pdfs! Tenho tanta coisa: da tese da Marielle Franco a um dicionário gigante de termos literários do Massaud Moisés – pedido dos professores Isabel e Mauro, lá na faculdade – passando por todos os Sandman (que eu nem li ainda). Foram se acumulando, acumulando e lá estão eles, todos meio largados, tadinhos... MAAAAS, organizei tudo! Por pastas coloridas, por temas e tals. Tenho alguns livros legais que eu nem me lembrava, como por exemplo o Cuba no século XXI, lançado pela Editora Elefante, disponível gratuitamente inclusive.
Aliás, uma das minhas metas pra esse ano é essa: não acumular tanta informação. Lembrar a informação se torna conhecimento quando vocâ a organiza!
Listou as metas/resoluções/desejos/listas pra esse 2021? Já olhou para isso num planner, agenda, rascunhou em algum canto? Já começou? Eu tirei da cabeça e coloquei numa agenda, acho que está tudo mais claro agora.
O livro da vez: O leitor como metáfora: o viajante, a torre e a traça, do escritor argentino Alberto Manguel. A editora Edições Sesc arrasou nesta capa linda, com relevo, azul e marfim (adoro livro bonito!). Quero muito escrever sobre ele!
E você como leitor e pensando na metáfora, é mais um viajante em busca de lugares distantes, é como a torre, imerso e recluso ou como a traça, devorando todos os exemplares com fome de palavra? Já parou para pensar nisso?
O próximo será, com certeza, Torto Arado, do baiano Itamar Vieira Junior (Todavia, 2019). Em 2020, recebeu o Prêmio Jabuti de melhor romance e o Prêmio Oceanos de Literatura. Não pelo prêmio, nem pelo hype, mas por seu conteúdo, que versa sobre a relação das pessoas com seu território. Bom, não sei muito o que esperar e gosto disso. Conto por aqui.
Ainda sobre livros, este ano também me proponho a ler mais livros teóricos e de apoio para as leituras que ando fazendo. Devo começar com o Romance de formação, de Franco Moretti (Todavia) e quero o Labirintos da aprendizagem: Pacto Fáustico, Romance de Formação e Outros Temas de Literatura Comparada, de Marcus Vinícius Mazzari (Editora 34). Bora vender os rins pra comprar tudo isso!?
De série, é aquele troço: tem tanta coisa que não cabe numa vida inteira, a começar por This Is Us, né... Tem The Queen of the Soul, (com a Alice Maravilhosa Braga, agora na Netflix), Gilmore Girls ❤ que ainda não acabei...
Devo colocar essas coisas em dia e depois parto pra outras. Porque se tem uma coisa que eu gosto é assistir uns 8 episódios de uma tacada só! #amoumamaratona
E você, me diz o que anda assistindo?
Cena de Portlandia
UMA OLHADA PELO CIBERESPAÇO
Aqui pretendo colocar alguns links legais.
Nesta news inaugural, coloco estes aqui:
- Sesc Digital, a plataforma de conteúdo do Sesc, que irá transpor algumas ações do Sesc presencial para o formato digital. E, nossa, tem tanta coisa massa por lá, como esse filme prontinho pra ser assistido: A espuma dos dias, do Michel Gondry, filme de 2013, que é absolutamente lindo!
- As resoluções de começo de ano de Virginia Woolf. Em uma delas, traduzido por alto, ela escreve “para ser livre e gentil comigo mesma.”
- Este Instagram aqui, o lendogilmoregirls. vi no perfil da Bárbara Bom Angelo (♥). Gilmore Girls me passa certa leveza, inteligência, banhadas com café, livros e doces maravilhosos. Acredito que o perfil se dedique a ler os livros que a Rory leu na série, entre outros. Amei!
- Tem essa música massa aqui do Iggy Pop,“Dirty Little Virus”, composta sobre o período pandêmico em que vivemos. A letra: “vovô está morto, pegue Trump no lugar”.
- O curso sobre o pensamento de Angela Davis, gratuito no Youtube. São 4 vídeos incríveis, da Boitempo. Davis é absolutamente essencial para entendermos sobre militância, direitos, luta, movimento negro, ideias revolucionárias. mais ainda é ter uma aula com a Conceição Evaristo - em contextos distintos, são mulheres fodas!
Angela Davis
UM REGISTRO ALEATÓRIO, UM COMENTÁRIO QUALQUER
~ uma colcha bonita e uns pés tortos, é nóis no home office, bb ~
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Até a próxima,
Fer
🧡
Amo baleia!